Depois de obrigarmos o carro a andar (que só cooperava a descer - o que para chegar ao cume de um vulcão torna a tarefa difícil) lá chegámos ao final. Era aqui que se anunciava o novo Rei Rapa Nui. Toda a população se sentava à volta da cratera. Como o vento voa sempre na mesma direcção tinham a certeza do destino das palavras. No regresso até o carro vinha feliz.
É um nascer do sol. Tenho a certeza que cada um o sentiu de forma diferente. Eu senti o coração, eu a força da terra, eu o isolamento, eu o canto das aves, eu… Penso que foi um momento em que cada um se transformou em vários.
Dezenas de Moais em bruto dispersos no vulcão. Muitos ainda pertencem à rocha da própria montanha. Mal se distinguem. Não se sabe porque abandonaram a sua construção. Não se sabe nada. Até nós nos esquecemos de tudo.
– Todos os Moais são diferentes. – disse o Miguel numa conversa casual. Nesse momento fomos “adoptados” pelos Rapa Nui. Cada Moai representa uma pessoa. Especial.
Perguntaram se queríamos um peixe. - O que faremos com um atum desse tamanho? Admirados por conhecermos o nome do peixe a conversa nasce. E os Oceanos que nos separam tornam-se, nesse instante, no Mar que nos aproxima. Para ler no Miniscente.
Há fascínios que não nos largam facilmente. É sempre doloroso sair do Chile. Sei que regressarei, sei que não me esqueço. Talvez sejam as pessoas. Ou o deserto. Ou a Patagónia. Talvez seja o único país onde posso andar sem me perder. Os Andes dão-me a tranquilidade do caminho. C.
Esta fotografia é dedicada aos fanáticos das motas (Dani e Amável Cóias, Miro, Lucas & Road Runners). “Estes Gauleses são loucos!”, Buenos Aires – Terra do Fogo – Lima num sidecar BMW R12 de 1939!! Esta mota fez a 2ª Guerra Mundial!
O caminho para as Torres del Paine: longo, íngreme, poierento, difícil. Rajadas de vento de 100km/h que nos desequilibravam e empurravam para trás como simples folhas, mas de uma beleza recompensadora.