30.10.07

Argentina

(Cozinhamos ao jantar. Pomos a roupa a lavar regularmente. Vamos ao supermercado comprar pasta de dentes. Não queremos ver tudo num só dia… Começámos a viajar. Já não me sinto de férias. Pela primeira vez tenho consciência do que poderá ser um ano a viver assim, em deslocação. E se a deslocação é um lugar eu não queria estar noutro)

Mas… Argentina. Que era o que eu vinha aqui fazer!
Buenos Aires: sou eu. Respirei a cidade com essa surpresa, de me identificar em cada canto. Passo de mansinho para Iguaçu, para não ceder a tentações auto-biográficas.
Cataratas de Iguaçu: não cabem num rectângulo. Quando inventarem uma fotografia sem arestas talvez se consiga transmitir aquela imagem. Qualquer viagem (mesmo de 20 horas seguidas) é pequena comparada com aquela imensidão. O som. O som. Como se nos engolisse.
PATAGÓNIA:
Sobre a Patagónia lá terei que escrever um livro. (risos)
A primeira fotografia foi à nossa chegada, Península de Valdés. As baleias estavam a 15m da praia. Foi a altura em que mais temi por uma acção do Miguel. Observava a sua indecisão: entro ou não entro no mar? Entrou. Felizmente a água congelava e foi só até aos joelhos, porque aquelas meninas mediam entre 15 a 17 metros.
Quem me conhece sabe que só gosto de gatos e de sete cães (Maria, Fumaça, Arpão, Gaspar, Nata, Jose e Ulisses). Gosto mais ou menos de todos os outros animais e odeio de morte alguns… Até às Galápagos. Desarma qualquer um estar tão perto de animais impensáveis. Imaginava que só em África iria sentir algo igual… Até à Península de Valdés. Nada se compara à força de um salto de uma Baleia Austral, ao seu cantar, à suavidade com que brincam com o barco onde as pessoas (nós) se estendessem o braço lhes podiam tocar. Dificilmente vamos sentir algo parecido… E nem quero pensar que possa vir a dizer: Até à Austrália! Acho que os animaizinhos que por lá vivem não se resumem a cangurus.

A cidade seguinte foi só de passagem. Dormimos uma noite em Rio Gallegos e sobrevivemos. É tão linda como Alfragide. Com uma particularidade: foi o primeiro (desconfio que único) sítio em que agradecemos o peso da mochila. Aliás, podemos mesmo dizer que fomos os primeiros portugueses a serem salvos pela própria mochila. Não sabia que era possível o vento atingir aquela velocidade. Estivemos muito perto de atingir um sonho: voar. Quando conseguimos arrastar-nos até à paragem de um autocarro perguntámos:
- Esta tempestade vai continuar por muitos dias?
- Tempestade?
- Sim… mas… este vento costuma estar assim?
- Não. Estamos na Primavera. Costuma ser muito pior.

Comecei a perceber a Patagónia.

Todos os dias sinto que tudo o que temos vivido é demasiado para dividir apenas por dois. Gostávamos de actualizar o blogue mais regularmente. Não temos conseguido. Deixamos as Baleias falarem um bocadinho por nós e vamos viver mais Patagónia. Teremos muito para dizer.
C.

Dois Olhares - 2



Península de Valdés, Patagónia Argentina.

Baleia Franca Austral


Dois Olhares - 3



Península de Valdés, Patagónia Argentina.








Cores da Patagónia


Praia El Doradillo, Península de Valdés.

Salto de uma Baleia Franca Austral


Instantes finais de uma sequência de saltos protagonizados por este imponente animal, para uma plateia extasiada que o observava do barco a menos de cem metros.
É indescritivel o som que um ser vivo com 17 metros de comprimento e mais de 30 toneladas faz ao cair na água.


Puerto Pyramides, Península de Valdés


A primeira aproximação.

Baleia Franca Austral

Esta fotografia foi tirada sem zoom, instantes após uma das muitas passagens por baixo do nosso barco.

Pinguim Patagónico


No photos, please!

20.10.07

Tango, Buenos Aires


Para ler no Miniscente.



Orquestra Típica Fernandez Fierro

Praça do Congresso, Buenos Aires



Av. 9 de Julio, Buenos Aires


Avenida de Mayo, Buenos Aires



A vista que tínhamos ao sair do quarto.

Caminito,Bairro La Boca, Buenos Aires

Com Laura. Uma Grande Amiga.



O Pintor Menaglio que nos abriu a porta do seu atelier

Mercado de San Telmo, Buenos Aires


Puerto Madero, Buenos Aires


Buenos Aires


Centro de Buenos Aires


Praça de Mayo, Buenos Aires


O Congresso, Buenos Aires


Garganta do Diabo, Cataratas de Iguaçu






Cataratas de Iguaçu




Isla de San Martin, Cataratas de Iguaçu




Fauna local, Selva de Iguaçu




10.10.07

River Plate 2 - Boca Juniors 0

El Monumental, a casa do River Plate


Início do Superclássico argentino


No meio da claque do River Plate


River Plate vs Boca Juniors

Comparado com estes gajos os Super Dragões e os Diabos Vermelhos são uns meninos, pá!
Atenção ao pormenor das perninhas do senhor... estrategicamente colocadas entre o arame farpado. Os muito bons observadores podem tentar ver o motivo da t-shirt, onde o Bin Laden faz ir pelos ares "la Bombonera" (o estádio do rival Boca Juniors).

OVNI ou cadeira voadora?


Final do Jogo e....ilesos!

... no entanto mais vale olhar para cima, não nos vão acertar com a última cadeira!

2.10.07

Pura Descrição. Equador


Hoje não escrevo, descrevo.
Às vezes canso-me. É normal, estou a viajar, nunca sei onde acordo no dia seguinte, o que vou comer, ver, absorver… E hoje estou cansada. Por isso não me vou isolar a escrever. Deixo os olhos em alvo e os pés longe do chão e venho para este cafezinho, a um canto de Quito, pura e simplesmente, descrever.

Relação Equador- Perú
- …mas és peruano? – pergunta o Miguel ao taxista pensando ter cometido uma gafe ao dizer que no Peru todos os carros são táxis.
- podes chamar-me gay, podes chamar-me ladrão, mas peruano … nunca!
(ficámos a saber)

Sem dinheiro nas Galápagos
Saber que se tem de pagar 100 dólares para entrar nas Galápagos é uma coisa, tê-los é outra completamente diferente.
- Podemos levantar dinheiro?
- Estamos numa base militar, não há multibancos.
- E podemos trocar Euros?
- Estamos numa base militar, não há casas de câmbio.
- E podemos pagar em Euros?
- Estamos numa base mi… Não.
Salvou-nos um Biólogo Galapaguenho que, achando pouco, ainda nos deu boleia e levou para sua casa.
(a vida é para os distraídos)

À deriva no Pacífico
Partiam de Santa Cruz duas embarcações para a Ilha Isabela às duas da tarde.
- As vossas mochilas são muito pesadas! Isto é uma lancha não um navio! – disse o único equatoriano antipático à face da terra.
- Está bem, então não vamos consigo. – o Miguel.
- Vá lá, pronto… entrem lá.
- Não, não queremos ir consigo. – a voz do vomidrine (moi meme)
E fomos para a outra lancha. Duas horas e meia depois pisávamos terra firme. A embarcação do senhor “simpático” perdeu o motor a meio do caminho. À deriva no Pacífico, sem luz, sem GPS, e com muitos vómitos e um grande susto depois lá chegaram já a manhã nascia.
(animais de sorte)

Lei seca
Chegámos das Galápagos. Sexta-feira à noite, a dormir no centro… perfeito para voltar a testar o nosso relacionamento com pessoas. Por que estão as ruas desertas? Por que não está ninguém nos bares? Por que se recusam a servir-nos vinho e cerveja?
- As eleições são domingo. Até segunda ao meio-dia não podemos vender nem consumir álcool.
- Mas nós não vamos votar!
- Se descobrirem que vos vendi vou preso quinze dias.
É obrigatório exercer um direito, no Equador. Quem não votar, além de ser preso quinze dias, não pode sair do país, inscrever-se na universidade, pedir um empréstimo… fica sem documentos. Para sempre. Até que uma futura lei os liberte.
(um tchim-tchim a Portugal)

Boletim de voto
Aaaaaaaaaaaaaaah… Claro que não se pode beber alcool. Claro que é obrigatório votar. Reparem bem na fotografia. É a nossa amiga Soledad com o seu boletim de voto! Frente e verso, meus amigos! Nada que demore mais de quinze, vinte minutinhos, se a lição estiver bem estudada.
(não, obrigada)

Não fomos à Selva, não subimos o Cotopaxi, não vimos os Lagos.
Estivemos no Paraíso da Evolução Darwiniana, conhecemos a respiração de Quito, a Soledad abriu-nos a porta de casa. Mostrou-nos como se vive no meio do mundo.
(somos todos tão parecidos)

C.
(30 de Setembro de 2007)

Eleições para Assembleia Nacional, Quito


Entrada para as Urnas (femininas. Não há cá misturas)

Plaza da Independência, Quito

Residência Oficial do Presidente da República, Rafael Correa (o mais novo da américa do sul, com apenas 42 anos e "guapíssimo", segundo a maioria feminina equatoriana).


Teatro de Rua, Quito


Centro Histórico, Quito



Contrastes.